Os 28 municípios com despesas acima das recomendas por lei fazem parte de um total de 40 que foram igualmente identificados pelo TCM, e que constavam com informações de despesas e receitas no Portal da Transparência. Essa avaliação é referente ao ano de 2014 e mais o quadriênio de 2015, com os meses de janeiro, fevereiro, março e abril.
O presidente do TCM, Francisco Aguiar, disse que a irregularidade verificada foi inicialmente informada aos prefeitos, sendo que algumas cidades se regularizam. O número de 28 é, contudo, o que corresponde ao quadro atual. O próximo passo, após a provocação aos prefeitos é encaminhar aos conselheiros para a tomada de conta especial, podendo resultar em penalidade ao gestor, inclusive cassação de mandato.
Atraso
Ainda hoje, o TCM enviará ofício circular a todos os prefeitos e presidentes das câmaras municipais com uma série de recomendações de natureza econômica, tendo em vista o quadro de dificuldades que praticamente todos atravessam.
Na circular emitida, o Tribunal chama a atenção para a revisão das receitas, evitar o endividamento e criar reservas para o pagamento do 13º salário. Segundo Francisco Aguiar, a justificativa dos prefeitos de não cumprir essa determinação trabalhista, pode incidir também em crime de improbidade administrativa. “Nós reconhecemos a crise atual, que envolve todo o País, com quedas significativas de receitas e isso causa um impacto no Fundo de Participação dos Municípios (FPM)”, observa o presidente. No entanto, ele afirma que as recomendações são no sentido de alertar para os excessos ainda bastante praticados pelos prefeitos com relação à folha de pessoal.
Prova disso, como ressalta, é a constatação de cidades que ainda se excedem no pagamento com o pessoal. Ele lembra que muitos casos são pertinentes a servidores temporários.
“Há situações não condizem com que o determina a lei e muito menos com a situação atual de crise econômica e aperto financeiro dos caixas municipais”, afirmou Aguiar.
O momento de sacrifício, conforme aponta o presidente, extrapola não apenas o fato de haver restrição de receitas, como também de um quadro de seca, penalizando ainda mais os gestores e, sobretudo, as populações.
Dificuldades
Ainda ontem, o assessor econômico da Associação dos Prefeitos e Municípios do Ceará (Aprece) Irineu Carvalho, disse que a situação de atraso nos salários se dá, especialmente, porque não há saídas imediatas de aporte de recursos para as cidades brasileiras ainda neste ano. Ele lembra que, mesmo com a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), de modo a contemplar Estados e municípios, o que ainda é muito incerto, não se tem recursos para se dispor até o fim de dezembro, quando há a obrigação de se honrar o pagamento do 13º salário.
O repasse do FPM, referente ao primeiro decêndio do mês de setembro de 2015, reacendeu a preocupação dos prefeitos com mais desemprego, atrasos nos salários e até parcelamento dos vencimentos.
Em termos reais, o decêndio teve uma queda de 38,07% em relação ao ano passado. Neste ano, o montante repassado às prefeituras brasileiras foi de R$ 1.807.843.332,58, já descontada a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
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