Politiqueiro Profissional |
Em tempos que precedem as eleições, devemos nos lembrar de
que política é uma ciência, uma atividade nobre. Na verdade, a arte de se
proporcionar o bem-estar a todos os cidadãos, de bem governar os povos.
Devemos ter em mente, diletos leitores, que tudo aquilo
vivido pelas pessoas no dia-a-dia de sua existência, de alguma forma, se traduz
como resultado de uma ou outra decisão de cunho político. Assim, podemos
afirmar com toda a certeza que o político tem em suas mãos o poder, outorgado
pelo povo através das urnas para ser usado em prol desse mesmo povo, visando
seu bem-estar social e econômico. Daí surge nossa responsabilidade diante do
próximo pleito. Será necessário que saibamos observar, pois somente assim é que
poderemos decidir entre políticos e politiqueiros.
Mas não se preocupem, pois posso afirmar que as diferenças
existentes entre o político e o politiqueiro são perfeitamente perceptíveis aos
olhos humanos e, consequentemente, aos olhos dos nobres eleitores. Então, vamos
lá: o político tem a plena consciência de que foi eleito para servir o povo,
satisfazer seus eleitores e atender aos anseios populares. Sendo assim, o
político é partidário da democracia.
Por outro lado, o politiqueiro entende que é o dono do poder
e, partindo de atitudes demagogicamente equivocadas e hipócritas, passa a impor
suas vontades pessoais em detrimento das vontades de toda uma comunidade. Passa
a agir como um déspota, deixando de lado todo e qualquer princípio fundado na
democracia.
Sim, e não paramos por aí. O político é aquele que trata da
coisa pública como se fosse uma extensão de seu patrimônio. O politiqueiro não
tem noção do que significa “coisa pública”, sendo que por diversas vezes, se
desfaz desse patrimônio feito aquele filho pródigo.
Podemos observar ainda que o político se esforça para
atender às reivindicações públicas, mas quando isso não se torna possível,
assume seus fracassos. Em contrapartida, o politiqueiro é um homem de várias
facetas, sendo que escolhe qual delas vai usar para se livrar de uma
responsabilidade.
O político sempre irá procurar cumprir a legislação vigente,
sobretudo quando entender que tais regras refletem o justo. Assim, caso entenda
serem injustas tais regras, certamente irá lutar para modificá-las,
aperfeiçoá-las ou mesmo extingui-las.
Do outro lado, o politiqueiro irá tripudiar sobre a
legislação, procurará sempre burlar as regras, pois é portador de uma
personalidade inconsequente e pouco se importa com aquilo que é justo.
O político sempre irá procurar atender de maneira impessoal
às reivindicações da comunidade, sem que esteja pensando em alguma moeda de
barganha.
O politiqueiro também irá procurar atender, ainda que em
menor escala de eficiência, às mesmas reivindicações, no entanto, certamente
pedirá algo em troca.
O político, como todo e qualquer bom funcionário, trabalhará
em silêncio, atuará com modéstia, perspicácia e dedicação.
O politiqueiro,
totalmente ao inverso, será misantropo, mesquinho, arrogante e
pseudo-populista. O político irá aperfeiçoar suas qualidades e saberá
reconhecer suas limitações. O politiqueiro será sempre mentiroso e
inescrupuloso.
E assim, iremos
seguindo: o político é leal, o politiqueiro é traidor. O político não perde
tempo com causas irrelevantes ou sem interesse social. Já o politiqueiro
alimenta-se da intriga e das falsas palavras.
O político jamais irá abrir mão de seus princípios, enquanto
o politiqueiro simplesmente não tem princípio algum. O político pensa primeiro
na comunidade, enquanto o politiqueiro, quando pensa, é egoísta. O político faz
política, enquanto o politiqueiro faz politicagem.
Como se tudo isso não bastasse, o politiqueiro, tido como
imitação barata de um bom político, não mede esforços financeiros para bancar
assessores que vivem a frequentar cerimônias, desde batizados até funerais, na
tentativa de angariar votos e mais votos.
Enfim, para que deixe de valer aquela máxima de que “todo
povo tem o político que merece”, seria plausível uma melhor análise desse
homens do povo, pois somente assim poderíamos ter o político que realmente
merecemos.
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