O Ministério Público Federal em Juazeiro do Norte propôs, nesta quinta-feira, 9 de janeiro, ação penal contra nove pessoas acusadas de organizarem esquema de falsificação de documentos públicos de jovens jogadores de futebol do Ceará. No esquema fraudulento, os atletas tinham as idades diminuídas em dois ou três anos, o que possibilitava a negociação dos jovens com clubes nacionais e do exterior.
A ação penal é resultado de inquérito policial que deflagrou a operação Peter Pan Cariri, a partir de investigações conduzidas pela Delegacia de Polícia Federal em Juazeiro do Norte. Entre os denunciados pelo MPF, está o jogador de futebol Vandinho, então atleta do Fortaleza Esporte Clube.
De acordo com o procurador da República Celso Leal, autor da ação penal, o esquema fraudulento estaria sob o comando do treinador e responsável pela Associação e Empreendimento Esportivo C.T Cariri, Moisés da Silva, localizada em Juazeiro do Norte. As investigações apontaram que cabia a Moisés o recrutamento e o convencimento dos jovens talentos e de seus familiares, que ficariam cientes da necessidade de falsificação de documentos para redução da idade cronológica. Moisés também seria o responsável pela falsificação das certidões de nascimento dos atletas.
Os fatos foram inicialmente comprovados por meio da ficha de jovens atletas de futebol disponibilizadas no site do Fortaleza Esporte Clube. "A partir dos dados coletados, a Polícia Federal diligenciou e comprovou a existência de um verdadeiro esquema fraudulento e criminoso articulado por empresários do ramo de futebol do Estado do Ceará, bem como pelos respectivos atletas e seus genitores, os quais detinham conhecimento e participação na confecção e uso de certidão de nascimento, RG, CPF e passaportes falsos no município de Juazeiro do Norte", detalha o procurador Celso Leal.
Modus operandi
O esquema criminoso era chefiado pelos denunciados Moisés, Nacélio e Kleber Lavor. Inicialmente, Moisés e Nacélio convenciam os atletas a reduzirem suas idades para serem negociados como se fossem mais jovens. De comum acordo com os familiares e com os atletas, todos viajavam a Lavras da Mangabeira, onde eram confeccionadas as certidões com nome e data de nascimento alterados. Posteriormente, o chefe maior da quadrilha, o empresário Kleber Lavor, encarregava-se de fazer os contatos com os clubes e negociar os atletas.
Clubes envolvidos
As investigações concluíram que diversos atletas com idades reduzidas foram negociados com times como o Fortaleza Esporte Clube/CE, ABC de Natal/RN, Bahia, Clube Atlético Paranaense/PR e Corinthians/SP, e, também, com clubes do exterior, especialmente com o futebol italiano e espanhol.
Para o procurador Celso Leal, os envolvidos no esquema lucravam na venda dos passes dos jogadores, "iludindo os clubes que adquiriam os atletas, pois pensavam que estavam contratando jovens jogadores promissores, quando na verdade se tratavam de jogadores com idades reais muito superiores às das informadas aos clubes".
Os denunciados:
WANDEMBERG SILVA FELIX, "VANDINHO", então jogador do Fortaleza Esporte Clube
LUIZ KLEBER MAIA LAVOR, então dirigente do Guarani de Juazeiro do Norte/CE, ex-dirigente do Icasa
ANTÔNIO ADALBERTO RODRIGUES BRANDÃO
CICERA MARIA GARCIA MONTENEGRO
CICERO NACÉLIO DOS SANTOS
MARIA DAS DORES SILVA FÉLIX
MARIA SILEUDE VALE BRANDÃO
MOISÉS DA SILVA
OSIEL ALVES DANTAS MONTENEGRO
FONTE:
Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal no Ceará
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