A mais recente pesquisa O
POVO/Datafolha coletou as intenções dos eleitores quando faltavam somente cinco
dias para as eleições. Ou seja, já haviam passado quase 90 dias desde o início
da campanha aberta e 42 dias da campanha no horário gratuito de rádio e
televisão. Mesmo assim, 14% dos eleitores se declaram indecisos em relação ao
seu voto para governador do Ceará quando apresentados à lista de somente quatro
candidatos.
Quando os pesquisadores deixam de
lado a lista estimulada e coletam a manifestação espontânea dos eleitores, a
quantidade de indecisos mais que dobra. Nesse cenário, 37% disseram que não
sabem em quem votar no próximo dia 5 de outubro.
É sinal de que há algo causando
incômodos a uma parte nada desprezível dos eleitores. Não se pode considerar
normal que após uma longa campanha onde os candidatos se expuseram
exaustivamente ainda gere tamanha falta de adesão a uma das quatro opções disponíveis.
O Ceará possui hoje mais de 6,2
milhões de eleitores aptos a votar no domingo que vem. Os 14% de eleitores
detectados a partir da apresentação da lista estimulada significam quase 930
mil eleitores. É um exército que se aproxima dos dois terços do eleitorado
total de Fortaleza.
A indecisão na consulta
espontânea (37%) chega a uma marca que impressiona mais ainda. São, por baixo,
aproximadamente dois milhões de eleitores que afirmaram categoricamente que não
sabiam em quem votar a cinco dias da eleição. É importante lembrar que a
pesquisa espontânea é a que mais se aproxima da realidade diante da urna
eletrônica, que não apresenta a lista de candidatos.
No campo da especulação, há
algumas possíveis respostas para esse fenômeno. Nenhuma muito boa para o nosso
sistema político. A primeira: uma grande parte do eleitorado não está muito
interessada nas eleições. Outra: esse exército de eleitores não está aderindo
às candidaturas. Por qual motivo? Talvez por não confiar naqueles que se
apresentam.
O fato é que o próximo
governador, mesmo que a eleição vá para o segundo turno, chegará ao poder com o
apoio da metade dos eleitores e com a outra metade contra. Não é uma situação
muito confortável.
Fonte: O Povo
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