Brasília - O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, pediu desculpas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela polêmica causada com a divulgação de escutas telefônicas de autoridades, entre elas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff. Segundo Moro, a atitude não teve intuito “político-partidário”.
As desculpas foram encaminhadas ao ministro Teori Zavascki, que solicitou esclarecimentos a Moro ao determinar a remessa de todo o material das conversas de Lula ao Supremo. “O levantamento do sigilo não teve por objetivo gerar fato político partidário, polêmicas ou conflitos, algo estranho à função jurisdicional, mas, atendendo ao requerimento do MPF, dar publicidade ao processo e especialmente a condutas relevantes do ponto de vista jurídico e criminal do investigado ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que podem eventualmente caracterizar obstrução à Justiça ou tentativas de obstrução à Justiça”, escreveu o juiz.
Ao Supremo, Moro afirmou que não há indicativos de que as autoridades com foro privilegiado que aparecem em conversas com Lula — como a presidente Dilma e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa — tenham concordado com tentativas do ex-presidente de obter influência junto à Justiça.
O juiz afirmou que o foco da investigação era o ex-presidente da República e disse que “não parece que era tão óbvio assim” que o diálogo com Dilma poderia ser relevante juridicamente para a presidente. Na conversa, a presidente diz a Lula que enviaria o termo de posse como ministro da Casa Civil antes da cerimônia na qual o petista assumiria o cargo.
Amanhã, o plenário do STF deve analisar a decisão de Teori Zavascki que ordenou que Moro remetesse o material à Corte. Nesta terça, o procurador Rodrigo Janot encaminhou parecer ao STF no qual alega que a posse de Lula na Casa Civil é válida, mas pede a manutenção das investigações com Moro.
Em palestra, juiz afirma que corrupção é generalizada
Sergio Moro disse nesta terça-feira, em São Paulo, que a corrupção não é exclusiva de um partido e que deve ser combatida. “A corrupção não é o único problema do Brasil, mas é um problema suprapartidário. Isso não tem a ver com outras questões de política. Isso tem a ver com questões relacionadas à Justiça. Justiça e política são coisas diferenciadas”, disse o juiz, acompanhado por 12 seguranças, que o seguiam até em idas ao banheiro.
A declaração foi dada durante uma palestra. Desta vez, mais comedido diante dos holofotes, ele ordenou aos seguranças que gravadores e câmeras de TV fossem desligados durante o evento.
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