O professor, historiador, poeta e escritor lavrense Dimas Macedo, esteve em Lavras da Mangabeira no último sábado (04/11) no restaurante e pousada Tutto di Pasta fazendo o lançamento da sua mais nova obra literária: Dona Fideralina Augusto - Mitos e Realidade. Conterrâneo da personagem, Dimas já havia feito o lançamento do livro em Fortaleza num concorrido evento realizado na assembleia Legislativa do Estado do Ceará onde mais de 500 pessoas estiveram prestigiando o escritor lavrense.
Dimas Macedo |
No final do século XIX e início do século XX, quando o patriarcalismo tinha uma força ainda maior, uma figura feminina se tornava símbolo de poder na região do Cariri. De família nobre, descendente do Barão de Aracati, Fideralina Augusto exerceu grande papel de liderança, dando continuidade às atividades políticas herdadas do pai e do marido. Para contar a história dessa matriarca, desmistificando as lendas acerca da sua imagem, nada melhor do que o lavrense professor, historiador, poeta e escritor de Lavras da Mangabeira Dimas Macedo, conterrâneo da personagem.
A obra é fruto de uma pesquisa que vem desde os anos 1980, incluindo entrevistas e documentos, e se propõe a ser uma biografia contextualizada, incluindo momentos importantes da política cearense como a Sedição de Juazeiro. “Eu sou conterrâneo, então ouvi muitas histórias sobre essa mulher forte, que viveu à frente do tempo dela. Durante muito tempo juntei materiais sobre ela”, conta Dimas.
Enquanto mulher, Fideralina não teve educação formal, que era voltada apenas para os homens daquela época. Porém, era na aliança entre a educação e o poder que ela mantinha o seu legado. Com o pai assassinado quando o irmão mais novo ainda estava na barriga da mãe, ela teve que ajudar a criar os irmãos. Além disso, a matriarca ficou viúva aos 44 anos e também teve que dar conta dos três filhos. “Ela tinha uma visão grande . A estratégia dela era essa, educar filhos e irmãos, eles estudavam nos melhores colégios. Ela prezava muito isso”, diz o autor.
A história de Fideralina Augusta teria inspirado o romance Memorial de Maria Moura, de Rachel de Queiroz |
Um dos momentos mais marcantes da trajetória da matriarca foi a participação na derrubada de Franco Rabelo, em 1914. “Ela teria, segundo a imprensa da época, colocado um contingente de 400 homens para lutar contra ele (Franco), comandando essa empreitada do sertão contra o litoral”, conta o professor. Diante de toda essa representação de poder que Fideralina carregava, foi natural que se criassem muitas histórias sobre ela, como causos de braveza. “E não foi bem assim”, diz Dimas. “O meu intuito é mostrar a história como ela é, e não como as pessoas queriam ou acham que foi”, completa.
Dimas Macedo e o Radialista Paulo Sergio de Carvalho |
Com a busca por empoderamento e representatividade feminina, a matriarca é um nome remonta a isso. O escritor afirma que foi na figura dela que Rachel de Queiroz se inspirou para escrever o romance Memorial de Maria Moura, com uma protagonista forte e valente. “Ela era decidida, era um traço dela”, afirma Dimas. Para o autor, é impossível falar de coronelismo e cangaço sem citar o nome de Fideralina. “Concordando ou não com o que ela fez, ela é uma realidade”, conclui.
Entrevista de Dimas Macedo concedida ao Repórter Paulo Sergio de Carvalho: https://soundcloud.com/user896359352/dimas-macedo
Entrevista de Dimas Macedo concedida ao Repórter Paulo Sergio de Carvalho: https://soundcloud.com/user896359352/dimas-macedo
Fonte: O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário