domingo, 20 de novembro de 2016

QUITAIÚS-LAVRAS: Padre Vicente Emite Nota de Esclarecimentos

Padre Vicente
O que eu disse oralmente logo após o dia 02 de outubro, como já dissera também no período anterior às eleições, confirmo agora por escrito que quero continuar mantendo o vínculo com Quitaiús, mesmo tendo necessidade de trabalhar e fazer estadia pelas cidades circunvizinhas, lecionando não só por mera profissão, mas por vocação natural de educador. Afirmo que independentemente de uma atividade acadêmica fora do município de Lavras, o meu desejo é viver até morrer pelo território de Quitaiús, especificamente com estadia pela Tapera (contando com o apoio do amigo Antônio de D. Nunum e família) e possivelmente direcionar uma parte do meu tempo a uma atividade de caprinocultura nas terras do Olho D’água (contando com o apoio do amigo Laércio). Aliás, falando do Olho D’água, quero registrar aqui a relevância da amizade que construí com os amigos, in memorian, Pedim de Zé Antônio e de Louro de Dão cujos filhos são também meus amigos.
Todos que me conhecem sabem como é o meu estilo de vida. Sempre pratiquei a atividade política com independência, sem praticar a subserviência, falando o que penso sem me preocupar em ganhar ou perder votos. Jamais me curvei para bajular deputado ou senador... Se eleito fosse, eu teria a liberdade política de exercer um mandato parlamentar sem subordinação a ninguém, e faria as cobranças das urgências das políticas públicas que se fizessem necessárias e prioritárias em quaisquer circunstâncias, não importando a bandeira político-partidária do executivo e/ou da maioria do legislativo, pois eu não teria nem criaria dificuldade política para o diálogo também com adversários, tendo sempre em vista o melhor para Quitaiús. 
Sem perder a minha autoestima e dignidade de cidadania, considero oportuno dizer que, ao contrário de quem equivocadamente insinuou, não fui candidato de ninguém em particular e muito menos seria instrumentalizado por superiores meus da hierarquia de partido ou coligação. Será que os equivocados esqueceram de como eu agia diante de qualquer problema político, social ou religioso no território de Quitaiús? Ao contrário de alguns medrosos e bajuladores de deputado ou senador, novamente digo que todos que me conhecem sabem qual é o meu comportamento político e da forma justa de como agir diante de qualquer questão política, social ou de natureza religiosa. Acima da atividade meramente política do ponto de vista ideológico, quero mesmo é exercer o profetismo natural do meu batismo que me inseriu no Corpo Místico de Cristo, o que naturalmente poderá contemplar uma atividade política. Sobre essa questão, a doutrina social da Igreja focaliza exatamente a conscientização e ação política dos cristãos. 
Falando de um tema espiritual, certa vez Jesus Cristo disse que “muitos a si mesmos se fizeram eunucos por causa do Reino de Deus”. Num reino mais imanente, e infelizmente na política de interesses e na corrida por votos, eu diria que muitos se vendem a si próprios (a si mesmos se fizeram eunucos no sentido político, estéreis) por causa de um reino do diabo que alimenta determinados candidatos não só em tempo de campanha, consequentemente também no exercício do mandato. 
Em se tratando da disputa eleitoral especificamente, sabe-se que muitos educadores, sobretudo das ciências sociais e humanas e críticos do fisiologismo político, já incluíram no seu curriculum vitae uma candidatura política e também não tiveram êxito nas urnas. Por isso, não perco a motivação para a militância política na condição de cidadão comum, acrescentando naturalmente um trabalho mediante a educação para a formação política, valorizando a dimensão do ser político que é inerente ao ser humano. Falando ainda de resultado de eleição, só para refrescar a memória, lembro que Cristóvão Buarque era o candidato que representava a bandeira da educação no país, e ele obteve menos de 2% do eleitorado brasileiro em uma eleição presidencial.
Eu diria que a minha característica de vida ou perfil político ideológico tem sintonia com a justiça e com uma ação permanente de inserção na vida concreta das pessoas. Quando estive à frente das atividades paroquiais em Quitaiús, jamais me isolei no interior da sacristia ignorando as questões sociais de interesse do lugar, exatamente porque entendo que a Igreja não pode se limitar às questões meramente espirituais e internas. Realmente é hipocrisia apenas rezar e falar suavemente o nome de Jesus ou às vezes fazer pregações adornadas com algumas palavras de impacto, causando aos ouvintes a impressão de santidade, às vezes até com o coração cheio de maldades. De modo geral, em todo canto, entre os cristãos há também alguns com a casca bonita e miolo podre. Como é do conhecimento de quem tem o mínimo de conhecimento da Bíblia, porém pode está adormecido na mente e/ou no coração de alguns cristãos, vale lembrar aqui que o próprio Jesus disse: 
“há lobos disfarçados de ovelhas...” e “nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, é digno de mim...” Exorta-nos também o Apóstolo Paulo: “a fé sem as obras é morta”. 
Espiritualmente falando, também diz ainda Jesus que “larga é a porta da perdição e muitos são os que entram por ela, e estreita é a porta da salvação e poucos são os que entram”... Ora, eu diria que, também na política fisiológica, larga é a porta da perdição da vadiagem, da malandragem e da mentira do diabo, porta esta por onde sorrateiramente circulam livremente e sem nenhum constrangimento os politiqueiros de plantão. Há muitos que até mediatizam a religião com fins politiqueiros, aparentando ser bonzinhos e santinhos... Que pena! Bastaria o mínimo de capacidade de senso crítico por parte do eleitor para se imunizar da manipulação política. Considero oportuno dizer que não sou o único padre que abraça uma causa política, e nem de longe alguém poderá dizer que estou equivocado em semear valores de cidadania e formação política. Sobre essa questão, até o Papa Francisco tem falado bastante focalizando exatamente a conscientização política dos cristãos.
Eu diria que, de modo geral, o horizonte mental fechado e conservador de muitos cristãos não lhes favorece a compreensão do verdadeiro significado da política e sua relação com a fé, na perspectiva sociológica da própria religião, no compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, inspirando-se até mesmo em muitos profetas bíblicos, os quais não apenas anunciavam “coisas novas” do Reino de Deus, mas também denunciavam toda e qualquer estrutura maléfica presente na sociedade. 
O profeta Amós é um grande modelo desse profetismo a que me refiro. Com a sua ótica política a partir de valores éticos, muitos missionários e profetas do nosso tempo exerceram a militância política e concretamente combateram as injustiças sociais etc. Infelizmente, por ignorância cultural ou por outras razões de certa forma (in)justificáveis, são muitas as pessoas que são indiferentes à política, e há outras que reduzem o significado essencial da verdadeira política. Politicamente falando – e academicamente, pois na minha prática docente não perco a motivação para enfatizar a formação política – continuarei defendendo que há valores éticos que para mim são relevantes para toda atividade política. É verdade que eu não obtive êxito na disputa eleitoral, mas eu não perco a motivação para, particularmente exercer minha cidadania lavrense e, de modo geral, colaborar com a construção política no sentido pleno da palavra em qualquer espaço e em quaisquer circunstâncias.
NOTA: Com relação à minha candidatura, afirmo que não fui candidato do lado de Dr. Tavinho para representá-lo com o objetivo de fazer oposição à candidatura de João Hélio que, aliás, é também um amigo. Teria me candidatado para ajudar Dr. Tavinho independente de quem fossem os candidatos de oposição em Quitaiús. 
Também independente de candidatura minha em particular, eu teria da mesma forma acompanhado politicamente o Dr. Tavinho. 
Sobre algum comentário de que a minha candidatura atrapalhou a eleição dele, da mesma forma a candidatura de algum colega seu de partido atrapalhou também. 
Aliás, uma candidatura do João Hélio é que atrapalhou a minha eleição em 2008, quando eu obtive muitos votos mais do que o dobro do número de votos que ele obteve. Isso é um fato incontestável. João Hélio viu que a situação política não estava boa para o lado de Dena e consequentemente do Ildsser, então ele passou para o lado de Dr. Tavinho, e sem uma candidatura minha (2012) ele aproveitou a enxurrada de votos, ou seja, eu não fui candidato e isso foi bom para ele que obviamente foi eleito com muitos votos de pessoas que votaram em mim em 2008 e teriam votado novamente em 2012. 
Ora, o mínimo de inteligência é suficiente para entender que se João Hélio, mesmo vindo do grupo de Dena em 2008, recebeu muitos votos de eleitores oriundos do grupo político de Chico Aristides e de Dr. Tavinho, imagine quantos votos eu não teria recebido se tivesse me candidatado em 2012, considerando-se que eu já era do lado de Chico Aristides e de Dr. Tavinho! Certo? Mas eu não quis interromper um trabalho de missão em uma diocese de Pernambuco, não me candidatando naquele tempo quando tudo estava favorável para qualquer candidato relativamente bom do lado de Dr. Tavinho. Não me candidatei, não tive ambição por poder nem por dinheiro. Não me aproveitei da situação, e certamente eu teria sido eleito e talvez ele não. Aliás, sempre quis apoiar alguém e não necessariamente me candidatar. Se em 2008, o João Hélio tivesse se candidatado fora do grupo de Dena, eu o teria apoiado naquelas circunstâncias. Neste ano, evidentemente pela minha história de militância política no município de Lavras, naturalmente eu tinha de me candidatar no grupo do PDT ou mesmo do PSDB e, em hipótese alguma, ia me candidatar no grupo do PMDB. 
Mas isso é só disputa eleitoral (in)felizmente, e devemos civilizadamente cultivar e conservar a amizade! 
Sou amigo da família de Alexandre de Ioiô, assim como sou amigo dos ribeiros, e a ambas as famílias devo favor, mas sou livre para militar politicamente convergindo ou divergindo entre todos eles. Não quero que nada atrapalhe a nossa amizade. 
Falando ainda sobre candidatura, o ideal seria que o legislativo fosse mais independente, ou seja, que houvesse uma mudança estrutural na lei eleitoral possibilitando ao cidadão uma concorrência mais justa. 
Sobre isso, eu teria muito a escrever e não caberia aqui neste reduzidíssimo espaço gráfico.




Nenhum comentário:

Postar um comentário