O servidor responsável pela denúncia que desencadeou a ação da Polícia Federal no Senado na última sexta (21) afirma que a polícia legislativa realizou uma missão "secreta" no escritório de José Sarney (PMDB-AL), de acordo com o jornal "O Estado de S. Paulo".
Paulo Igor Bosco da Silva, policial legislativo, disse ao jornal que uma "ordem de missão oculta", sem numeração, determinou a realização de uma operação para encontrar eventuais grampos e escutas no escritório do ex-senador em julho de 2015.
De acordo com ele, uma ordem de missão que não tem numeração não entra no controle de ações do órgão.
Ainda de acordo com o jornal, Bosco da Silva relatou que outra ordem secreta foi expedida solicitando varreduras na casa do ex-senador Lobão Filho (PMDB-MA), mas só foi cumprida após ser regularizada por escrito.
José Sarney (PMDB) |
A recusa inicial, relata o funcionário, aconteceu porque a medida gerou suspeitas entre os agentes da Polícia do Senado. De acordo com ele, a busca aconteceu pouco depois da Polícia Federal ter deflagrado uma operação da Lava Jato que envolvia o parlamentar.
Outra busca relacionada à Lava Jato teria acontecido na residência do senador Fernando Collor (PTC-AL), a Casa da Dinda, em Brasília. O servidor diz que, imediatamente após uma ação da PF no local, em julho de 2015, a polícia legislativa fez uma busca contra grampos.
O advogado de Sarney, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou ao jornal que o peemedebista não lembra de varredura em seu escritório.
PRETEXTO
O "Fantástico", da Rede Globo, também entrevistou Bosco da Silva. Ao programa, ele afirma que o diretor da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Carvalho, disse que o motivo das buscas nos imóveis de Lobão eram suspeitas de que o senador fosse um dos alvos da Lava Jato.
Carlos André, outro servidor da Polícia Legislativa entrevistado pelo programa, afirma que Carvalho orientou os agentes a mentir sobre a varredura no escritório de Sarney caso fossem descobertos –deveriam dizer que a busca aconteceu porque o ex-senador receberia uma visita do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Ao "Fantástico", o representante da Associação de Polícia do Congresso, Wallace França, afirmou que as buscas fora das dependências do Senado são legais, desde que solicitadas pelos próprios parlamentares e aprovadas pelo presidente do órgão. Ele negou que as ações tenham como objetivo obstruir a operação Lava Jato.
ENTENDA
Na última sexta-feira (21), a Polícia Federal deflagrou a Operação Métis, com o objetivo de desarticular uma suposta organização criminosa que busca atrapalhar as investigações na Lava Jato.
A PF conduziu buscas nas dependências da Polícia Legislativa, no subsolo do Senado, e prendeu temporariamente quatro agentes da organização, entre eles o diretor Pedro Ricardo Carvalho. Carvalho é o único deles que continua detido.
Aparelhos de detecção de grampos em poder da Polícia Legislativa teriam sido usados em seis imóveis ligados a dois senadores e dois ex-senadores: Fernando Collor (PTC-AL), Lobão Filho (PMDB-MA), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e José Sarney (PMDB-MA).
Fonte: Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário