A prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nesta quarta-feira (19), autorizada pelo juiz federal Sergio Moro, pode ficar marcada como a primeira grande ação da Operação Lava Jato que não envolveu o PT.
David Fleischer, cientista político e professor da UNB (Universidade de Brasília) - O professor afirma que aconteceram outras investigações importantes sem vínculo com o PT, como a recente denúncia de lavagem de dinheiro envolvendo o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), mas que a de Cunha é representativa.
"Pode ser um aviso ao PMDB, de que já existem outros políticos na mira de Sergio Moro. Cunha era o mais poderoso do partido, depois de Michel Temer. Antes da cassação era muito valioso e não escapou", diz Fleischer.
Segundo ele, o impacto das operações foi sentida pelo PT nas urnas: "É bom lembrar que o PT foi majoritariamente afetado pela Operação Lava Jato e pagou por isso nas urnas."
Para o cientista político, o juiz Moro teve uma "boa sacada" para não levantar suspeitas sobre a data da prisão de Cunha. "Na terça-feira (18) foi divulgado que Moro marcou o interrogatório de Cláudia Cruz, mulher de Cunha, e nada sobre prisão foi mencionado", explica. "O ex-deputado deve ter voltado os esforços para auxiliar a mulher sem nem cogitar a prisão. O juiz conseguiu disfarçar muito bem".
Muitos políticos devem ficar nervosos até que os próximos passos do ex-deputado sejam divulgados e até que seja decidido de fato se ele irá ou não fazer delação premiada. Mas o presidente Michel Temer não deve ser um deles.
"Temer sempre foi muito cauteloso em sua relação com Cunha, sempre teve muito cuidado. Acredito que a distância entre eles após a cassação do ex-deputado garantiu que a imagem do presidente não seja vinculada com a prisão de Cunha."
Fonte: UOL Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário