Segundo o meteorologista da Funceme, Raul Frits, devido às poucas chuvas, esse quadro de seca extrema ou excepcional pode piorar até o fim do ano. "Já que as chuvas são sempre muito poucas, a tendência é de um agravamento ainda maior deste quadro até que as primeiras chuvas cheguem", explica.
A progressão das secas foi classificada em cinco categorias: 'fraca', que no mapa aparece em branco; 'moderada', em amarelo-claro; 'grave', de cor laranja; 'extrema', em vermelho; e a pior: excepcional, de tom de vinho.
“Ela (categoria 'excepcional') caracteriza uma total falta de condição de aproveitamento agrícola. As culturas perdem-se totalmente, as pastagens desaparecem, pequenos cursos de água somem e assim por diante. É um retrato muito grave da situação de seca sobre o estado", analisa o especialista. A Funceme reforça também que a comparação do cenário entre setembro do ano passado com o mesmo mês deste ano mostra que a seca se alastra gradativamente e de forma preocupante.
Já na comparação do panorama entre agosto e setembro deste ano, a situação parece ainda mais complicada. Em agosto, o Ceará era tomado principalmente pela seca 'extrema'. Apenas um mês depois, o mapa mostra que a região Centro-Sul do estado foi tomada quase praticamente pela seca excepcional, e o quadro começa a se agravar no litoral.
Açudes em estado preocupante
Como consequência de cinco anos seguidos de volume de chuva abaixo da média, o Ceará enfrenta a pior seca já registrada nos últimos 100 anos e tem metade dos açudes totalmente secos ou com volume morto, de acordo com a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh).
Dos 153 açudes monitorados pela companhia, 42 estão com volume morto e outros 38 estão completamente sem água.
A média do volume de água nos açudes do Ceará caiu para 10% em outubro, segundo a Cogerh. Dos açudes monitorados pelo órgão, 131 têm menos de 30% da capacidade máxima, e apenas um tem mais de 90%.
Em março, o mês mais chuvoso no estado, quando são esperados mais de 200 milímetros, em média, nos municípios, o índice registrado foi 129 milímetros.
Em todo o semestre, o volume de chuva foi 548 milímetros, enquanto a média história é de 736 milímetros nos seis primeiros meses do ano. Os dados confirmam o quinto ano seguido de chuvas abaixo da média no Ceará, ocasionando uma das maiores secas já registradas.
Açudes do ceará com volume morto:
Batente, Broco, Capitão Mor, Castro, Catucinzenta, Cipoada, Ema, Farias de Sousa, Flor do Campo, Fogareiro, Forquilha, Frios, Gerardo Atimbone, Jaburu II, Jatobá, Jatobá II, Jenipapeiro, Jenipapeiro II, João Luís, Macacos, Martinópole, Mons. Tabosa, Parambu, Penedo, Pentecoste, Pesqueiro, Poço da Pedra, Poço do Barro, Pompeu Sobrinho, Riacho da Serra, Riacho do Sangue, Rivaldo de Carvalho, Santo Antônio, Santo Antônio de Aracatiaçu, São Domingos II, São José II, São José III, Sitios Novos, Sucesso, Tejuçuoca, Várzea da Volta e Várzea do Boi.
Açudes do Ceará secos:
Adauto Bezerra, Amanary, Barra Velha, Barragem do Batalhão, Bonito, Canafístula, Carão, Carmina, Carnaubal, Cedro, Cupim, Desterro, Escuridão, Faé, Favelas, Forquilha II, Jerimum, Madeiro, Monte Belo, Nova Floresta, Pau Preto, Pirabibu, Potiretama, Premuoca, Quixabinha, Quixeramobim, Salão, Santa Maria de Aracatiaçu, Santo Antônio de Russas, São Domingos, São José I, São Mateus, Serafim Dias, Sousa, Trapiá II, Trici, Umari e Vieirão.
Fonte: G1
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