quinta-feira, 21 de junho de 2018

Cid: Ciro não vai mandar "Carta aos banqueiros"!​ Num Governo Ciro não haverá uma Lava Jato!

Cid Gomes - PDT
O leitor do blog conhece as ideias centrais de Cid Gomes, governador do Ceará, Ministro (breve) da Educação da Dilma (que preferiu o Eduardo Cunha a ele) e irmão mais novo de Ciro Gomes.
Nessa entrevista abaixo, Cid mostra a indignação dos Gomes com o fato inacreditável de sete acionistas do Itaú receberem, CADA UM, R$ 9 bilhões, sem pagar um tostão de imposto!
A Folha, já que Cid não é tucano, tentou enredá-lo em armadilhas.
Foi uma tentativa inútil:
Folha: A língua é novamente o principal inimigo de Ciro?

Cid Gomes:
Não, o perfil médio brasileiro hoje está desejando franqueza, sinceridade, expressão do que pensa e antecipação do que irá fazer. E, muitas vezes, [assumir a] tarefa que, no passado, era meio que estigmatizada de denunciar a falsidade.

Folha: No PDT, há a defesa de que ele adote o perfil “paz e amor”, que ajudou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ser eleito. 

Cid Gomes: Qual a crítica que se faz ao Ciro na agudez do descrédito da política nacional? É que ele é sincero. E, quando se quer exagerar, chama-se de destemperado.

Se fosse uma pessoa que estivesse chegando agora, que você nunca tivesse visto no exercício do poder, haveria razão para temer. Eu acho que o perfil franco, sincero e que fala o que pensa é cada vez mais desejado pelo povo brasileiro. Até o Bolsonaro consegue entrar nisso por conta desse perfil.

Folha: Ele fará uma nova “Carta aos Brasileiros”? 

Cid Gomes: Entende-se “Carta aos Brasileiros” como “Carta aos Banqueiros”? Jamais. É melhor perder a eleição do que se sujeitar a isso. Isso já fez muito mal ao país. Chegar ao poder de qualquer forma, para nós, não vale a pena.

Folha: Ciro é domesticável? 

Cid Gomes: Domesticável para se render ao modelo de exploração insana do sistema financeiro nacional? Não é. Por isso que fazem críticas a ele.

Folha: Em 2002, Ciro disse que estava se lixando para o mercado financeiro. Ele está se lixando novamente? 

Cid Gomes:: Óbvio. Não é se lixando, é mais do que isso, está denunciando o mercado financeiro. Chega. Não é possível. Eles mesmo, se puserem a mão na consciência, vão ver que quando você explora demais o seu mercado consumidor, está matando a galinha dos ovos de ouro.

Folha: Mas é possível ser eleito sem o apoio do mercado financeiro? 

Cid Gomes: É nisso que apostamos. Quem lucra no mercado financeiro não chega a 2% da população brasileira. Nós estamos defendendo 98%: desempregados, trabalhadores, classe média e setor produtivo. O setor financeiro já teve lucro demais e está na hora de dar uma contribuição ao país.

Folha: Como será a gestão do Banco Central em um governo Ciro Gomes? 

Cid Gomes: O Banco Central tem de estar a serviço de uma estratégia nacional. Se a gente tivesse a segurança de que essa independência estaria a serviço de um projeto nacional, tranquilo. Mas, infelizmente, o que querem é a profunda dependência do sistema financeiro.

Folha: Haverá mudanças no tripé macroeconômico [metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário]? 

Cid Gomes: Quem pode falar sobre isso é o Ciro, darei impressões pessoais. É fundamental ou alterar o tripé macroeconômico ou acrescentar um quarto pé, que seria geração de emprego. No mínimo, câmbio e juro serão observados levando em conta a geração de emprego. Nós temos de ter meta de emprego.

Folha: O DEM votou pelo impeachment, apoiou o teto de gastos e endossou a reforma trabalhista. O apoio dele não é incompatível?

Cid Gomes: Se olhar para trás, tudo bem, estávamos em campos opostos, mas estamos olhando para frente. Sobre essas questões, Ciro tem posicionamento claro. Nós não vamos pedir um mea-culpa de ninguém. Todos os partidos que se dispuserem a apoiar o projeto serão bem-vindos, sem preconceito ideológico.

Folha: Como vocês pretendem conseguir o apoio do DEM se Ciro critica integrantes do partido, como Fernando Holiday? 

Cid Gomes: Se existir algum partido em que 100% dos seus membros não merecem uma crítica, pode santificá-lo. Quintas colunas têm em todos os lugares. A história é cheia de exemplos disso. Um alferes delatou Tiradentes. Judas traiu Jesus.

Folha: Mas esse tipo de ataque não agrava o clima de confronto no país? 

Cid Gomes: A farsa tem de ser denunciada. A gente tem de firmar um campo moral e ético. Tenho certeza de que os integrantes honrados do DEM e do PP vão compreender. Se você não nomeia um [Renato] Duque para a Petrobras, o PP não vai querer nomear um Paulo Roberto Costa.

Folha: Não é incoerente, então, buscar o PP, um dos partidos com mais envolvidos na Lava Jato? 

Cid Gomes: Pode ter certeza de que, em um governo de Ciro, jamais haverá uma Lava Jato.

Folha: Como Ciro pode se apresentar como alternativa nova se ele faz parte de uma das principais oligarquias do país?

Cid Gomes: Oligarquia quer dizer governo de poucos. Geralmente, está associada a poder econômico que se transforma em controle da mídia e perpetuação do poder. Nós não temos nenhuma dessas características, a não ser que somos irmãos que gostamos de política.

Folha: O programa de governo terá um tópico específico para mulheres? 

Cid Gomes: O Ciro terá como objetivo ter metade de seu ministério composto por mulheres.

Folha: Qual será o papel de Patrícia Pillar na campanha? 

Cid Gomes: Ficou uma intenção de colocar no Ciro uma pecha de machista e ele não é. Mas quem resolve é ela. O Ciro, certamente, terá timidez em procurá-la. Mas eu a procurarei. (...)

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