Cid Gomes - PDT |
O leitor do blog conhece as ideias centrais de Cid Gomes, governador do Ceará, Ministro (breve) da Educação da Dilma (que preferiu o Eduardo Cunha a ele) e irmão mais novo de Ciro Gomes.
Nessa entrevista abaixo, Cid mostra a indignação dos Gomes com o fato inacreditável de sete acionistas do Itaú receberem, CADA UM, R$ 9 bilhões, sem pagar um tostão de imposto!
A Folha, já que Cid não é tucano, tentou enredá-lo em armadilhas.
Foi uma tentativa inútil:
Folha: A língua é novamente o principal inimigo de Ciro?
Cid Gomes: Não, o perfil médio brasileiro hoje está desejando franqueza, sinceridade, expressão do que pensa e antecipação do que irá fazer. E, muitas vezes, [assumir a] tarefa que, no passado, era meio que estigmatizada de denunciar a falsidade.
Folha: No PDT, há a defesa de que ele adote o perfil “paz e amor”, que ajudou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ser eleito.
Cid Gomes: Qual a crítica que se faz ao Ciro na agudez do descrédito da política nacional? É que ele é sincero. E, quando se quer exagerar, chama-se de destemperado.
Se fosse uma pessoa que estivesse chegando agora, que você nunca tivesse visto no exercício do poder, haveria razão para temer. Eu acho que o perfil franco, sincero e que fala o que pensa é cada vez mais desejado pelo povo brasileiro. Até o Bolsonaro consegue entrar nisso por conta desse perfil.
Folha: Ele fará uma nova “Carta aos Brasileiros”?
Se fosse uma pessoa que estivesse chegando agora, que você nunca tivesse visto no exercício do poder, haveria razão para temer. Eu acho que o perfil franco, sincero e que fala o que pensa é cada vez mais desejado pelo povo brasileiro. Até o Bolsonaro consegue entrar nisso por conta desse perfil.
Folha: Ele fará uma nova “Carta aos Brasileiros”?
Cid Gomes: Entende-se “Carta aos Brasileiros” como “Carta aos Banqueiros”? Jamais. É melhor perder a eleição do que se sujeitar a isso. Isso já fez muito mal ao país. Chegar ao poder de qualquer forma, para nós, não vale a pena.
Folha: Ciro é domesticável?
Folha: Ciro é domesticável?
Cid Gomes: Domesticável para se render ao modelo de exploração insana do sistema financeiro nacional? Não é. Por isso que fazem críticas a ele.
Folha: Em 2002, Ciro disse que estava se lixando para o mercado financeiro. Ele está se lixando novamente?
Folha: Em 2002, Ciro disse que estava se lixando para o mercado financeiro. Ele está se lixando novamente?
Cid Gomes:: Óbvio. Não é se lixando, é mais do que isso, está denunciando o mercado financeiro. Chega. Não é possível. Eles mesmo, se puserem a mão na consciência, vão ver que quando você explora demais o seu mercado consumidor, está matando a galinha dos ovos de ouro.
Folha: Mas é possível ser eleito sem o apoio do mercado financeiro?
Folha: Mas é possível ser eleito sem o apoio do mercado financeiro?
Cid Gomes: É nisso que apostamos. Quem lucra no mercado financeiro não chega a 2% da população brasileira. Nós estamos defendendo 98%: desempregados, trabalhadores, classe média e setor produtivo. O setor financeiro já teve lucro demais e está na hora de dar uma contribuição ao país.
Folha: Como será a gestão do Banco Central em um governo Ciro Gomes?
Folha: Como será a gestão do Banco Central em um governo Ciro Gomes?
Cid Gomes: O Banco Central tem de estar a serviço de uma estratégia nacional. Se a gente tivesse a segurança de que essa independência estaria a serviço de um projeto nacional, tranquilo. Mas, infelizmente, o que querem é a profunda dependência do sistema financeiro.
Folha: Haverá mudanças no tripé macroeconômico [metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário]?
Folha: Haverá mudanças no tripé macroeconômico [metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário]?
Cid Gomes: Quem pode falar sobre isso é o Ciro, darei impressões pessoais. É fundamental ou alterar o tripé macroeconômico ou acrescentar um quarto pé, que seria geração de emprego. No mínimo, câmbio e juro serão observados levando em conta a geração de emprego. Nós temos de ter meta de emprego.
Folha: O DEM votou pelo impeachment, apoiou o teto de gastos e endossou a reforma trabalhista. O apoio dele não é incompatível?
Folha: O DEM votou pelo impeachment, apoiou o teto de gastos e endossou a reforma trabalhista. O apoio dele não é incompatível?
Cid Gomes: Se olhar para trás, tudo bem, estávamos em campos opostos, mas estamos olhando para frente. Sobre essas questões, Ciro tem posicionamento claro. Nós não vamos pedir um mea-culpa de ninguém. Todos os partidos que se dispuserem a apoiar o projeto serão bem-vindos, sem preconceito ideológico.
Folha: Como vocês pretendem conseguir o apoio do DEM se Ciro critica integrantes do partido, como Fernando Holiday?
Folha: Como vocês pretendem conseguir o apoio do DEM se Ciro critica integrantes do partido, como Fernando Holiday?
Cid Gomes: Se existir algum partido em que 100% dos seus membros não merecem uma crítica, pode santificá-lo. Quintas colunas têm em todos os lugares. A história é cheia de exemplos disso. Um alferes delatou Tiradentes. Judas traiu Jesus.
Folha: Mas esse tipo de ataque não agrava o clima de confronto no país?
Folha: Mas esse tipo de ataque não agrava o clima de confronto no país?
Cid Gomes: A farsa tem de ser denunciada. A gente tem de firmar um campo moral e ético. Tenho certeza de que os integrantes honrados do DEM e do PP vão compreender. Se você não nomeia um [Renato] Duque para a Petrobras, o PP não vai querer nomear um Paulo Roberto Costa.
Folha: Não é incoerente, então, buscar o PP, um dos partidos com mais envolvidos na Lava Jato?
Folha: Não é incoerente, então, buscar o PP, um dos partidos com mais envolvidos na Lava Jato?
Cid Gomes: Pode ter certeza de que, em um governo de Ciro, jamais haverá uma Lava Jato.
Folha: Como Ciro pode se apresentar como alternativa nova se ele faz parte de uma das principais oligarquias do país?
Folha: Como Ciro pode se apresentar como alternativa nova se ele faz parte de uma das principais oligarquias do país?
Cid Gomes: Oligarquia quer dizer governo de poucos. Geralmente, está associada a poder econômico que se transforma em controle da mídia e perpetuação do poder. Nós não temos nenhuma dessas características, a não ser que somos irmãos que gostamos de política.
Folha: O programa de governo terá um tópico específico para mulheres?
Folha: O programa de governo terá um tópico específico para mulheres?
Cid Gomes: O Ciro terá como objetivo ter metade de seu ministério composto por mulheres.
Folha: Qual será o papel de Patrícia Pillar na campanha?
Folha: Qual será o papel de Patrícia Pillar na campanha?
Cid Gomes: Ficou uma intenção de colocar no Ciro uma pecha de machista e ele não é. Mas quem resolve é ela. O Ciro, certamente, terá timidez em procurá-la. Mas eu a procurarei. (...)
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