O termo política no seu sentido originário deriva do grego
politiká, que por sua vez advém de polis, para designar aquilo que é público.
Seria, partindo desse princípio, a arte da negociação para a
confluência de interesses em torno da governança de um município. De forma
ampliada, todavia, trata-se de instrumento a ser utilizado de forma consentida
como norma ou procedimento para a execução de ações positivas, a depender das
missões, valores e compromissos de determinada organização, seja ela pública ou
privada. Dito isto, depreende-se que a verdadeira função da política talvez
seja o mais nobre dos exercícios de racionalidade do ser humano. Fazemos,
portanto, política a todo momento e em qualquer lugar, mesmo que não o
saibamos.
Se a
política reveste-se de tal importância em nossa vida, não é exagero considerar
que o político também o seja. Mas se é assim por natureza, porque há tanto
desprezo pelo termo e por quem a exerce institucionalmente?
Para entender um pouco esse processo, não custa lembrar que
se a racionalidade é a base da política, não se pode esquecer também de que nem
sempre a racionalidade é o melhor caminho para a tomada de decisões. Em muitos
casos, o pragmatismo, que serve de meio para justificar essa racionalidade, não
passa de mero jogo de cena para garantir interesses não confessáveis. No caso
da política institucional, não é incomum que incorramos em exemplos do tipo,
quase sempre justificados brilhantemente por autores desses atos.
Há duas semanas o noticiário vem
se ocupando de situações que desnudam bem a relação entre a política
institucional e os interesses que nem sempre vão ao encontro da opinião
pública.
Mas o que é a opinião pública, se
não um recorte com forte poder de influência sobre a sociedade.
Esquecemos, ou preferimos não
lembrar, que cabe a esta mesma sociedade, que hoje critica a eleição de Renan
Calheiros para a presidência do Senado, e de Henrique Eduardo Alves para
dirigir a Câmara dos Deputados, que os dois foram eleitos legitimamente para o
Senado e a Câmara com milhares de votos.
Ora, se ali estão, não é por acaso,
e se não estão ao acaso, possuem legitimidade para pleitear os cargos de
direção. A culpa, em última análise, é de quem, então?
Na Assembléia, tivemos a manobra para protelar a saída do deputado cassado Carlomano Marques, em total desrespeito a uma decisão da Justiça. No caso, porém, dá para julgar apenas os parlamentares? E os que os elegeram, estariam isentos dessa condenação?
Na Assembléia, tivemos a manobra para protelar a saída do deputado cassado Carlomano Marques, em total desrespeito a uma decisão da Justiça. No caso, porém, dá para julgar apenas os parlamentares? E os que os elegeram, estariam isentos dessa condenação?
Não, mas parece ser bem mais fácil
vilipendiar a política, expressão usada pela presidente Dilma Rousseff ao abrir
o ano legislativo, do que fazer meia culpa de nossas decisões. E não vale o
discurso de que a população é mal informada, ou de que somente os pobres é que
sustentam esse quadro.
E aqui, caro leitor, faço um desafio: se você é daqueles que está indignado com os fatos que citei acima, sabe como se posicionou seu senador, deputado federal, deputado estadual e vereador sobre esses temas?
E nessa
discussão, como se considera: racional, pragmático ou culpado?
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