Enquanto o Congresso tenta, em várias frentes, estancar a sangria desatada pelo escândalo do petrolão, a Operação Lava-Jato avança em direção à alta cúpula do PMDB no Senado. Investigadores rastrearam operações financeiras suspeitas de um lobista influente em Brasília que podem atingir em cheio lideranças peemedebistas. Documentos sigilosos da Procuradoria-Geral da República, obtidos por VEJA, revelam que foram coletados “diversos elementos de prova da atuação de Milton de Oliveira Lyra Filho, diretamente ou por meio de pessoas jurídicas, como intermediário de propina e lavagem de dinheiro para senadores do PMDB, nomeadamente Eunício Oliveira, Renan Calheiros, Romero Jucá, Valdir Raupp e Edison Lobão”.
De acordo com procuradores da Lava-Jato, há indícios de que senadores do PMDB tenham se beneficiado de desvios de dinheiro da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e de fraudes nos investimentos realizados pelo Postalis, fundo de pensão dos trabalhadores dos Correios. Os elo entre um esquema e outro, segundo os investigadores, é o empresário Milton Lyra, apontado como o operador do presidente do Congresso Renan Calheiros (PMDB-AL) e lobista com bom trânsito entre senadores peemdebistas.
O cerco da Lava-Jato em torno do presidente do Senado e seus aliados do PMDB está se fechando cada vez mais. No início de outubro, VEJA revelou que o advogado e empresário cearense Felipe Parente confirmou, em delação premiada, que entregou dinheiro vivo a uma emissária de Renan e do senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Em junho, VEJA também trouxe à tona a delação do ex-executivo Nelson Mello que afirma que Eunício Oliveira (PMDB-CE), forte candidato a comandante do Congresso em 2017, recebeu 5 milhões de reais em caixa dois da fabricante de produtos de saúde e bem-estar Hypermarcas. Esses recursos, que teriam sido repassados a pedido de Lyra, foram utilizados para pagar fornecedores de campanha eleitoral do parlamentar.
Procurado, o presidente do Senado Renan Calheiros disse por meio de sua assessoria de imprensa que conhece Milton Lyra, mas “reitera que não recebeu vantagens de quem quer que seja e que a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais é de zero”. Milton Lyra afirmou que não irá comentar, porque não teve acesso ao documento da Procuradoria-Geral da República. O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, advogado de Romero Jucá e Edison Lobão, disse que os seus clientes tinham uma “boa relação” com Lyra, mas negou que tenham recebido qualquer dinheiro do lobista. “Os investigadores deverão comprovar os indícios apontados no inquérito”, afirmou. O senador Eunício Oliveira nega que tenha qualquer relação com a obra de Belo Monte ou com investimentos do Postalis e disse que nunca teve “qualquer contato com Milton Lyra ou com Nelson Mello”.
Fonte: VEJA.Com
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