Unidos pela crise da JBS, Michel Temer e Aécio Neves passarão pelo crivo do Congresso nesta semana. Apesar da artilharia impiedosa de Lúcio Funaro, revelada em vídeos aqui na Folha, Temer deve sobreviver à votação da CCJ da Câmara sobre a denúncia da PGR.
Do outro lado do parlamento, no Senado, Aécio Neves não goza da mesma benevolência. Ele se arrasta nos bastidores para garantir que os senadores restabeleçam seu mandato, suspenso por decisão do STF.
Quem conhece bem o xadrez de votação do Senado diz que, hoje, Aécio tem um placar apertado a seu favor. O PT já anunciou mudança de lado, contra o senador, e parte do PMDB não está disposta a ajudá-lo. O tempo é crucial para o futuro do tucano. Quanto mais se adia a sessão, mais diminuem as chances dele.
Temer também tem pressa. Na visão de aliados, a denúncia precisa ser sepultada logo para que o governo tente retomar uma agenda política e econômica crível até dezembro, incluindo a reforma da Previdência, que respira sob aparelhos na UTI.
Temer conta com margem folgada dos votos entre os deputados, mas seu problema hoje não está no plenário, nem na CCJ, e sim na cadeira da presidência da Casa. Assim como ocorrera na primeira peça da Procuradoria, Rodrigo Maia não sinaliza agora compromisso em salvá-lo.
Ontem, ele chamou o advogado de Temer de "incompetente". Mesmo que a Câmara rejeite a acusação contra o presidente, as relações com Maia devem seguir frias e protocolares —até porque é bem provável que o DEM, de Maia, desembarque do governo no primeiro semestre de 2018.
A sobrevivência política implorada por Temer e Aécio ao Congresso terá um alto preço. Ambos ficarão radioativos. Ao presidente restará encerrar um impopular mandato de forma melancólica com poucos aliados ao redor. A Aécio sobrará a fé em manter acesa uma carreira política em naufrágio —algo que nem os integrantes do PSDB acreditam mais.
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