Um comentário do presidente Jair Bolsonaro numa rede
social contra uma jornalista gerou muitas críticas nesta segunda-feira (11).
"Constança Rezende, do 'O Estado de SP' diz querer
arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o Impeachment do Presidente Jair
Bolsonaro. Ela é filha de Chico Otávio, profissional do 'O Globo'. Querem
derrubar o Governo, com chantagens, desinformações e vazamentos", escreveu o presidente, em
post às 20h51 de domingo.
Bolsonaro se baseou em uma publicação de um site de
apoiadores do seu governo. O presidente republicou uma gravação postada no site
que mostra a interpretação distorcida de uma resposta em inglês da repórter
durante uma conversa com um suposto estudante interessado em fazer um estudo
comparativo entre Donald Trump e Jair Bolsonaro.
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| Jair Bolsonaro - Presidente |
Antes da postagem do presidente, o jornal "O Estado
de S.Paulo" já havia publicado um esclarecimento dizendo que o site citado
por Bolsonaro distorceu o conteúdo da entrevista da repórter. O jornal informou
que Constança não fala em "intenção" de arruinar o governo ou o
presidente. A conversa, em inglês, tem frases truncadas e com pausas.
O "Estadão" diz que, em determinado momento, a
repórter avalia que "o caso pode comprometer" e "está arruinando
Bolsonaro", mas não relaciona seu trabalho a nenhuma intenção nesse
sentido. O conteúdo desse áudio havido sido divulgado no começo
de março no blog de um jornalista que atua na França, Jawad Rhalid.
O jornal "O Estado de S.Paulo" esclareceu
também que a repórter Constança Rezende não deu entrevista nem conversou com o
jornalista francês.
Reação
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirmaram que
"o presidente Jair Bolsonaro fez um novo ataque público à imprensa, desta
vez valendo-se de informações falsas. Isso mostra não apenas descompromisso com
a veracidade dos fatos, o que em si já seria grave, mas também o uso de sua
posição de poder para tentar intimidar veículos de mídia e jornalistas, uma
atitude incompatível com seu discurso de defesa da liberdade de
expressão".
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a
Associação Nacional de Jornais (ANJ) afirmaram que "lamentam que o
presidente da República reproduza pelas redes sociais informações deturpadas e
deliberadamente distorcidas com o sentido de intimidar a jornalista e a
liberdade de expressão".
Abert, Aner e ANJ destacaram que "os ataques à
repórter têm o objetivo de desqualificar o trabalho jornalístico, fundamental
para os cidadãos e a própria democracia". As entidades afirmaram, ainda,
"que a tentativa de produzir na imprensa a imagem inimiga ignora o papel
jornalístico independente de acompanhar e fiscalizar os atos das autoridades
públicas".
Fonte: G1


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