Senador Eunicio Oliveira (MDB) |
O pagamento já havia sido
relatado no ano passado, nos primeiros depoimentos da
colaboração. Na ocasião, Eunício divulgou nota na qual afirmou que os relatos
de Ricardo Saud são "imaginários" e "mentirosos" (leia a íntegra ao final desta reportagem). Nesta sexta,
o G1 voltou a procurar a assessoria do senador, que
preferiu não se manifestar.
Na delação
premiada, entregue à Procuradoria-Geral da República, Saud incluiu novos detalhes
sobre esse episódio, acrescentando como foram feitos os pagamentos, os valores,
as empresas e detalhes sobre o acerto da propina.
O delator
entregou 12 arquivos com novas informações. Em um deles, Saud trata do episódio
envolvendo Eunício.
Relata que
houve oferta de propina dentro do Senado para que Eunício atuasse pra vetar
emendas em medidas provisórias que poderiam favorecer uma concorrente, a
empresa LBR.
"Tais
reuniões foram no gabinete da liderança do PMDB no Senado entre fevereiro e
junho de 2014”. Participaram César Helon pela Piracanjuba, Claudio Teixeira
pela Italac, Cícero Hegg pela Tirolez, René pela Nestlé, Estela pela Danone,
além de mim pelo Grupo J&F”, diz o documento.
Saud detalhou a
atuação do senador a pedido das empresas. Disse que no primeiro semestre de
2014, ele “monstrou grande eficácia em cumprir sua parte no trato”. E conseguiu
evitar emendas em três medidas provisórias que tramitavam em comissões no senado,
da qual ele era integrante.
Saud detalhou:
“Em 25.03.2014, uma proposta de emenda à mp 627/2013, elaborada pelo ministério
da fazenda em conjunto com a receita federal, não foi aprovada; em 22.04.2014,
outra proposta de emenda, agora à mp 628/2013, não foi aprovada; e, em
07.05.2014, uma terceira proposta de emenda, desta vez à mp 634/2013 não
passou”.
O delator disse que em
relação à MP 656/14, Eunício era relator mas não conseguiu evitar a inclusão de
alterações que contrariavam os interesses da Vigor e das empresas do ramo de
laticínios.
Segundo ele, “o senador
previu que os artigos correspondentes seriam vetados. De fato, os vetos vieram,
segundo sua previsão”.
As alterações acabaram
acontecendo em outra MP, a 668/15, mas Saud disse que Eunício não integrava a
comissão dessa medida provisória “e, além disso, já tinha recebido a propina
prometida”.
Ricardo
Saud diz que os pagamentos foram feitos ao partido -- a pedido de Eunício:
“para cumprir este acerto, a vigor fez quatro pagamentos ao PMDB, por
determinação do senador Eunício Oliveira, que era tesoureiro nacional do
partido e explicou que teria facilidade para destinar os recursos para sua
campanha ao governo do estado do Ceará.
Ele contou que os pagamentos
da J&F foram feitos entre junho e setembro de 2014.
E que as empresas Italac e
Piracanjuba procederam nos mesmos moldes e, praticamente, nas mesmas datas. As
empresas Tirolez e Itambé complementaram o valor, segundo a delação
complementar de Saud.
A TV Globo checou os valores
relatados no documento. No Tribunal Superior Eleitoral , é possível verificar
quatro pagamentos das empresas praticamente nos mesmos dias em que a J&F
pagou ao partido:
·
A Vigor , da J&F, pagou
R$ 1,4 milhão entre junho e setembro de 2014;
·
A Piracanjuba, R$ 1,1 milhão
, nos mesmos meses.
·
A Italac, R$ 1,2 milhão , de
junho a outubro de 2014;
·
A Tirolez, R$ 120 mil , em
junho de 2014;
·
E a Itambé, R$ 500 mil reais,
de junho a agosto de 2014.
Nota do senador
Leia abaixo a íntegra da nota
divulgada pelo senador Eunício Oliveira em maio do ano passado. O G1 voltou a procurá-lo nesta sexta-feira.
Nota à Imprensa
O senador Eunício Oliveira afirma que
os diálogos relatados pelo delator são imaginários, nunca aconteceram, são
mentirosos, como é possível constatar na prestação de contas do diretório
nacional de PMDB ao TSE.
No
ano de 2013 não há doações ao partido conforme diz o delator, como é possível
constatar nas prestações de contas do diretório nacional, que são públicas e
podem ser verificadas nas declarações ao TSE.
Como
relator revisor, o senador recebeu representantes do setor sim, como é
absolutamente normal em casos de relatoria. O senador Eunício Oliveira não usa
e nunca usou suas funções legislativas para favorecer empresas públicas ou
privadas.
As
contribuições eleitorais do grupo JBS para a companha de 2014 aconteceram sim,
e estão devidamente declarados à justiça eleitoral na prestação de contas do
candidato Eunício Oliveira.
Assessoria de Imprensa
Senador Eunício Oliveira
Brasilia, 19.05.2017
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