Proposta de extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) pode ter passado na Assembleia, mas marcas da “guerra” em torno da medida devem permanecer ainda por um bom tempo no parlamento. Aprovada na última quinta-feira por 32 votos a oito, o fim da Corte revirou base e oposição na Casa e abriu era do “pós-TCM” no Legislativo cearense.
Principal cicatriz do embate foi o esvaziamento do PMDB na oposição local. Antes isolado como o maior partido de crítica a Camilo Santana (PT), a sigla comandada por Eunício Oliveira perdeu quatro dos seus seis deputados estaduais – Agenor Neto, Audic Mota, Dra. Silvana e Tomaz Holanda (que migrou para o PPS) – para o ninho governista.
No vácuo aberto pela saída do PMDB, crescem na oposição PSD e PMB, partidos na zona de influência do presidente do TCM, Domingos Filho. Apesar de se dizer afastado da vida partidária, o conselheiro é pai do presidente do PSD do Ceará, Domingos Neto (PSD), e marido da presidente do PMB cearense, a ex-prefeita de Tauá Patrícia Aguiar.
A briga também acabou ampliando desavenças entre setor mais
“independente” da Casa com o governo. Apesar de terem ocasionalmente se posicionado junto com a oposição em votações, a PEC do TCM marcou confronto direto entre Ely Aguiar (PSDC) e Roberto Mesquita (PSD) com a base aliada de Camilo. “Nova oposição”
Até 2016 aliado de Cid e Ciro Gomes (PDT), Domingos chegou a emplacar o primo, o deputado Odilon Aguiar (PMB), na Secretaria de Agricultura de Camilo Santana. Relações estremeceram em dezembro passado, após Domingos vencer disputa pela presidência do TCM, com apoio do conselheiro Chico Aguiar, contra Hélio Parente, candidato dos irmãos Ferreira Gomes.
Em troca, Domingos “emprestou” apoio do PSD e PMB à candidatura do filho de Chico, Sérgio Aguiar (PDT), em disputa pela presidência da Assembleia. Investida no Legislativo, no entanto, não vingou e o vencedor da disputa, Zezinho Albuquerque (PDT), acabou apoiando proposta antiga de Heitor Férrer (PSB) pela extinção do TCM.
Deputado do PMDB que segue na oposição, Danniel Oliveira nega que a mudança de parlamentares da sigla para a base simbolize um esvaziamento da sigla. “O PMDB foi votado em 2014 para a oposição, e ele continua seguindo. Se algum deputado mudou disso, ele que tem que explicar para a população as razões disso”.
Dra. Silvana, por outro lado, afirma que a mudança segue pensamento da maioria, e que a liderança do partido não pode cercear a liberdade de parlamentares. Nos bastidores, se comenta que a maioria deixou a oposição pois disputa bases eleitorais com Domingos Filho, cada dia mais próximo de Eunício.
Fonte: O povo online
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